A videolaparoscopia nos tratamentos de reprodução humana

tirado de ipgo.com.br/videolaparoscopia

A Videolaparoscopia Ginecológica em Medicina Reprodutiva é um procedimento usado para o diagnóstico e tratamento de afecções dos órgãos pélvicos e deve ser realizada por especialistas nesta área que tenham uma visão da importância da preservação da fertilidade, principalmente da anatomia dos órgãos reprodutores. Estes cuidados são fundamentais para o sucesso da intervenção. É realizada através de uma micro câmera introduzida na cavidade abdominal por uma minúscula incisão (1 cm) na curvatura interna do umbigo.

Duas incisões complementares de 0,5 cm são realizadas próximas à virilha (em casos especiais pode ser feita uma terceira entre as duas) para a introdução de pinças auxiliares que permitem a realização das cirurgias. Essa micro câmera esta ligada a um sistema de fibras óticas que permite uma completa e detalhada inspeção dos órgãos internos feminino (útero, ovários, órgãos vizinhos…), com uma riqueza de informações impossível de se obter a olho nu.

Vemos através dessa via, alterações como aderências (órgãos grudados uns aos outros), miomas, cistos de ovários, trompas obstruídas e aderidas, endometriose.

ENDOMETRIOSE (implante de endométrio fora do útero) quando diagnosticada, pode ao mesmo tempo ser tratada cirurgicamente sem a necessidade de cortar o abdômen.

Já está estabelecido que endometriose prejudica a fertilidade. Isso se deve a alterações anatômicas na pelve (às vezes com grande distorção da anatomia), o processo inflamatório provocado (prejudicial a óvulo, espermatozoide e diminuindo as taxas de fertilização), resistência dos ovários (que necessitam de mais medicação para estimulá-los e produzem menos óvulos), além de alterações endometriais, que prejudicam a implantação (por exemplo secreção de algumas interleucinas, como LIF – leukemia innibitory factor).

A endometriose está presente em 25-50% das mulheres inférteis, e sua ocorrência pode afetar os resultados gestacionais mesmo com técnicas de reprodução assistida. Em relação a pacientes inférteis com endometriose superficial, apesar de controvérsias, os guidelines da ASRM (American Society of Reproductive Medicine), da ESHRE (European Society of Human Reproduction and Embryology) e do RCOG (Royal College of Obstetricians and Gynaecologists) orientam que as pacientes inférteis com endometriose peritoneal se beneficiam do tratamento cirúrgico por laparoscopia com destruição das lesões. Uma revisão da literatura realizada pela biblioteca Cochrane, em 2010, demonstrou melhoras nas taxas de gravidez espontânea após o tratamento cirúrgico da endometriose superficial.

Esse benefício também parece ocorrer se optado por inseminação intrauterina após a cirurgia, sendo o resultado proporcional ao grau de endometriose encontrado.

Assim, surge uma outra duvida: se a paciente com endometriose será submetida a fertilização in vitro, teria beneficio operar antes?

Nos casos de INFERTILIDADE, o exame pode fornecer dados e resoluções importantíssimas.

A infertilidade (e também a gravidez tubárea) pode estar associada a alterações nesta região como, por exemplo: aderências, fibroses, etc… Muitas destas anomalias não são detectadas pela Histerossalpingografia ou pela Videolaparoscopia comum. A Videolaparoscopia é realizada em Hospital, sob anestesia geral que não tem riscos maiores do que outras anestesias. A paciente deverá realizar sempre exames de rotina pré operatórios (sangue, eletrocardiograma, ecocardiograma).

Através dessa via corrigimos , cirurgicamente, alterações como a liberação de tecidos aderidose e a cauterização, ressecção e vaporização de focos de endometriose.

Pela Cromotubagem (estudo das condições de passagem de fluidos pelas trompas) avaliamos a permeabilidade e motilidade tubária, além de suas fimbrias. Quando indicado, podem ser realizados procedimentos cirúrgicos de maior porte.

A cirurgia Videolaparoscopia é uma via de intervenção que quando bem indicada permite a realização das mesmas cirurgias da via convencional com os seguintes benefícios: menos agressão cirúrgica, melhor recuperação num tempo menor de internação (máximo 24 hs) e um retorno ás atividades cotidianas. Entretanto, não podemos esquecer que não existe intervenção cirúrgica sem riscos e a videolaparoscopia apesar de ser via cirúrgica bastante segura, em algumas circunstancias pode, como qualquer cirurgia, oferecer complicações que independem da pericia do médico. Por isto, a conscientização da real necessidade da intervenção deve ser criteriosamente avaliada pelo médico e pela paciente.

Referências Bibliográficas:

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